quinta-feira, maio 22, 2008

Fotografia e arte


Pictorialismo
Foi em Paris em 1874, no estúdio do conceituado fotógrafo retratista francês Felix Nadar, que se realizou a primeira exposição de um grupo de pintores chamados Impressionistas. Dentre os participantes estavam Claude Monet, Auguste Renoir, Camile Pissaro, Paul Cézanne e outros.
As principais características da pintura impressionista eram: que as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência do sol: a luz sobre uma paisagem às 14 horas é diferente da luz das 16 horas; as figuras não devem ter contornos nítidos; as cores e tonalidades devem ser obtidas sem o uso da paleta, mas direto na tela em pequenas pinceladas (pontilhismo).
Inspirados no Impressionismo surgiram fotógrafos a partir de 1890, em várias partes do mundo, que inconformados com o mero uso da fotografia como um instrumento para reproduzir a realidade, criaram um movimento chamado Pictorialismo.
Apesar da popularidade da fotografia na época, principalmente no gênero retrato, ela ainda não tinha alcançado o mesmo status da pintura. Para esses fotógrafos era necessário buscar novas técnicas que pudessem fazer da fotografia uma nova forma de arte onde a cena fotografada não era tão importante quanto à qualidade artística da imagem final.
As técnicas usadas para criarem efeitos incluíam combinações e manipulações de negativos, pintura sobre a foto e efeitos de desfoque na tentativa de transformar a realidade numa imagem pontilhista, próxima da luz e da textura das pinturas do movimento impressionista.
O mais proeminente representante desses fotógrafos foi o americano Alfred Stieglitz que passou sua vida lutando pelo reconhecimento da fotografia como expressão artística. Ele e outros fotógrafos que compartilhavam sua convicção fundaram um grupo chamado Photo-Secession. Entre seus membros estavam Edward Steichen, Clarence White, Robert Demachy.
O grupo mantinha exposições em galeria própria em Nova York, a primeira no mundo a exibir fotografias como arte, e os trabalhos eram frequentemente publicadas na revista de Stieglitz chamada Câmera Work.

Foto de Edward Steichen com o título "Moonrise" 
foi vendida em 2006 pelo valor de US$2.900 milhões

Os Inovadores: Fotografia Abstrata
Inovação é o rejuvenescedor da arte. Sem uma oportunidade para novas idéias e métodos, não importa qual campo seja: fotografia, pintura, cinema, literatura, tudo se torna rançoso e monótono.
As grandes inovações na fotografia como formas de expressão artística ocorreram no inicio da década de 20 com os fotógrafos Alexander Rodchenko, Moholy-Nagy e Man Ray com trabalhos abstratos que desafiaram todas as convenções.
Com o desenvolvimento da tecnologia fotográfica, os equipamentos tornaram-se mais leves (câmera Leica – 35 mm) e as emulsões mais rápidas, permitindo uma maior mobilidade do fotógrafo, facilitando assim, a busca por ângulos inusitados e enquadramentos que fugissem da intenção de representação fiel da realidade.
Um momento importante nas artes é o movimento do construtivismo russo, já no início do século XX. Os Construtivistas eram apologistas da anti-Arte, criticando os métodos acadêmicos e evitavam utilizar os suportes e as técnicas tradicionais. De acordo com a doutrina bolchevique da época, proclama a inutilidade social da arte, exige a criação de modelos de produção industrial, cujo único critério é a utilidade da obra de arte.
Não por acaso, neste momento estava nascendo a pintura abstrata. Alexander Rodchenko, e László Moholy-Nagy, principalmente, ampliaram as possibilidades da fotografia, incutindo no fotógrafo o desafio de mostrar o mundo de uma forma diferente e inusitada. Enriquecendo o imaginário fotográfico, Rodchenko e Moholy-Nagy, iniciaram a história da fotografia abstrata, propondo novos ângulos em imagens que contribuíram para o abstracionismo na fotografia.
Alexander Rodchenko

Sua obra fotográfica tem uma temática social notável, e optou por fazer esses registros com ângulos de tomada pouco usuais. Vanguardista, criou um importante conjunto de obras. Em 1928, escreveu: “os objetos familiares do cotidiano devem ser mostrados de perspectivas e situações completamente inesperadas”. Sua fotografia é dominada pelo elemento artístico da linha, do grafismo. Uma de suas fotos mais famosa é “Escadas”, de 1930.

Lazló Moholy-Nagy

Húngaro, criou um importante conjunto de obras, um dos pioneiros de desenvolvimento pessoal em tendências artísticas, ele tentou clarificar a relação entre a pintura e a fotografia, promovendo uma separação nítida entre as duas formas de expressão. Esforçou-se sempre por tornar a fotografia num patamar com o mesmo valor artístico da pintura. Moholy-Nagy também foi um dos principais artistas a elevar os fotogramas à categoria de arte.

Man Ray

Com o americano Man Ray, a fotografia abstrata conquista seu espaço. Man Ray, após mudar para Paris em 1921, propõe novos elementos estéticos na fotografia, fugindo do figurativo e mergulhando em um universo fotográfico descompromissado com a representação da realidade. Ray retoma a técnica criada por Henry Fox Talbot, no início da história da fotografia, rebatizando-a de Rayografia, técnica hoje conhecida por fotograma. A idéia é colocar objetos diretamente sobre o papel fotográfico, no laboratório, sem o uso do negativo, pesquisando composições abstratas em ricas gradações de cinzas, luzes e sombras.
Man Ray fez uso de uma outra técnica em laboratório chamada solarização, para conseguir o abstratismo em suas imagens, principalmente nos retratos. Esse processo também é conhecido como efeito Sabattier, em referência ao seu inventor, o francês Armand Sabattier (1834-1910) que o concebeu em 1862. A solarização consiste na inversão dos valores tonais de algumas áreas da imagem fotográfica, que pode ser obtido basicamente através da rápida exposição à luz da imagem durante seu processamento no laboratório.

Os Puristas

Em 1932, os fotógrafos americanos Edward Weston, Anselm Adams e Imogen Cunninghan, entre outros seguidores, formam o Grupo F.64. O nome da associação se refere ao número que identifica a menor abertura, ou diafragma, usada em lentes de câmeras para obter imagens com maior profundidade de campo, com isso, um máximo de clareza e definição, qualidades consideradas como essenciais para os integrantes do movimento.
Esse grupo ficou conhecido como os “Puristas” por fazerem imagens com qualidade técnica e direta (straight) sem o uso de manipulações nos negativos e cópias ou associações com outras formas de arte, como os Pictorialistas fizeram em relação à pintura.

Edward Weston

Para obter uma definição perfeita nas imagens, Weston usava câmeras de grande formato e as cópias eram obtidas por contato direto do negativo com o papel fotográfico.
Edward Weston sonhava encontrar a beleza em tudo, provando que a natureza e a cidade ofereciam um infinito número de composições.
As suas fotografias são de grande realismo sensual, perfeitamente impregnadas de serenidade, exemplo disso são as suas paisagens. Qualquer que seja o sujeito - legumes, paisagens, conchas ou nus - a objetiva de Weston captou a essência e a verdade das coisas e educando nossos olhos a apreciar a ordem na desordem, a poesia das coisas inexploradas, a poética do abandono.

Anselm Adams

Fotógrafo especializado em temas relacionados à natureza: paisagens, árvores, rochas, etc. Como o fotógrafo Weston, também usava câmeras de grande formato, mas a câmera é apenas uma parte do processo fotográfico que Adams detalhou na sua série de três livros: A Câmera, O Negativo, A Cópia. Nestes livros, Adams mostrou o seu rigor técnico na produção fotográfica.
Adams mostrou o seu lado documentarista em um ensaio fotográfico sobre um campo de concentração nos Estados Unidos em 1943. O campo foi criado pelo governo americano em resposta ao ataque a Pearl Harbor pelos japoneses durante a segunda guerra mundial, com isso houve uma grande perseguição aos joponeses e descendentes que residiam nos Estados Unidos. Cerca de 120.000 pessoas viveram nesse campo chamado Manzanar. Adams publicou um livro sobre esse fato histórico chamado “Born Free and Equal”. Foto: Ansel Adams - USA - 1943

Imogen Cunningham


Dedicada fotógrafa “purista” iniciou sua carreira, após estudos de fotografia na Alemanha, em 1910 e continuou fotografando até os 93 anos.
Seu estilo, de inicio com tendência pictorialista, foi se refinando com o passar do tempo, com um grande interesse por fotografia botânica, especialmente as flores. Realizou durante muito tempo, retratos de celebridades e fotografia industrial.

Fotógrafos Puristas


Video com imagens dos fotógrafos puristas: Edward Weston, Anselm Adams e Imogen Cunninghan