Pictorialismo
Foi em Paris em 1874, no estúdio do conceituado fotógrafo retratista francês Felix Nadar, que se realizou a primeira exposição de um grupo de pintores chamados Impressionistas. Dentre os participantes estavam Claude Monet, Auguste Renoir, Camile Pissaro, Paul Cézanne e outros.
As principais características da pintura impressionista eram: que as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência do sol: a luz sobre uma paisagem às 14 horas é diferente da luz das 16 horas; as figuras não devem ter contornos nítidos; as cores e tonalidades devem ser obtidas sem o uso da paleta, mas direto na tela em pequenas pinceladas (pontilhismo).
Inspirados no Impressionismo surgiram fotógrafos a partir de 1890, em várias partes do mundo, que inconformados com o mero uso da fotografia como um instrumento para reproduzir a realidade, criaram um movimento chamado Pictorialismo.
Apesar da popularidade da fotografia na época, principalmente no gênero retrato, ela ainda não tinha alcançado o mesmo status da pintura. Para esses fotógrafos era necessário buscar novas técnicas que pudessem fazer da fotografia uma nova forma de arte onde a cena fotografada não era tão importante quanto à qualidade artística da imagem final.
As técnicas usadas para criarem efeitos incluíam combinações e manipulações de negativos, pintura sobre a foto e efeitos de desfoque na tentativa de transformar a realidade numa imagem pontilhista, próxima da luz e da textura das pinturas do movimento impressionista.
O mais proeminente representante desses fotógrafos foi o americano Alfred Stieglitz que passou sua vida lutando pelo reconhecimento da fotografia como expressão artística. Ele e outros fotógrafos que compartilhavam sua convicção fundaram um grupo chamado Photo-Secession. Entre seus membros estavam Edward Steichen, Clarence White, Robert Demachy.
O grupo mantinha exposições em galeria própria em Nova York, a primeira no mundo a exibir fotografias como arte, e os trabalhos eram frequentemente publicadas na revista de Stieglitz chamada Câmera Work.
Foto de Edward Steichen com o título "Moonrise"
foi vendida em 2006 pelo valor de US$2.900 milhões
Os Inovadores: Fotografia Abstrata
Inovação é o rejuvenescedor da arte. Sem uma oportunidade para novas idéias e métodos, não importa qual campo seja: fotografia, pintura, cinema, literatura, tudo se torna rançoso e monótono.
As grandes inovações na fotografia como formas de expressão artística ocorreram no inicio da década de 20 com os fotógrafos Alexander Rodchenko, Moholy-Nagy e Man Ray com trabalhos abstratos que desafiaram todas as convenções.
Com o desenvolvimento da tecnologia fotográfica, os equipamentos tornaram-se mais leves (câmera Leica – 35 mm) e as emulsões mais rápidas, permitindo uma maior mobilidade do fotógrafo, facilitando assim, a busca por ângulos inusitados e enquadramentos que fugissem da intenção de representação fiel da realidade.
Um momento importante nas artes é o movimento do construtivismo russo, já no início do século XX. Os Construtivistas eram apologistas da anti-Arte, criticando os métodos acadêmicos e evitavam utilizar os suportes e as técnicas tradicionais. De acordo com a doutrina bolchevique da época, proclama a inutilidade social da arte, exige a criação de modelos de produção industrial, cujo único critério é a utilidade da obra de arte.
Não por acaso, neste momento estava nascendo a pintura abstrata. Alexander Rodchenko, e László Moholy-Nagy, principalmente, ampliaram as possibilidades da fotografia, incutindo no fotógrafo o desafio de mostrar o mundo de uma forma diferente e inusitada. Enriquecendo o imaginário fotográfico, Rodchenko e Moholy-Nagy, iniciaram a história da fotografia abstrata, propondo novos ângulos em imagens que contribuíram para o abstracionismo na fotografia.
Alexander Rodchenko
Sua obra fotográfica tem uma temática social notável, e optou por fazer esses registros com ângulos de tomada pouco usuais. Vanguardista, criou um importante conjunto de obras. Em 1928, escreveu: “os objetos familiares do cotidiano devem ser mostrados de perspectivas e situações completamente inesperadas”. Sua fotografia é dominada pelo elemento artístico da linha, do grafismo. Uma de suas fotos mais famosa é “Escadas”, de 1930.
Lazló Moholy-Nagy
Húngaro, criou um importante conjunto de obras, um dos pioneiros de desenvolvimento pessoal em tendências artísticas, ele tentou clarificar a relação entre a pintura e a fotografia, promovendo uma separação nítida entre as duas formas de expressão. Esforçou-se sempre por tornar a fotografia num patamar com o mesmo valor artístico da pintura. Moholy-Nagy também foi um dos principais artistas a elevar os fotogramas à categoria de arte.
Man Ray
Com o americano Man Ray, a fotografia abstrata conquista seu espaço. Man Ray, após mudar para Paris em 1921, propõe novos elementos estéticos na fotografia, fugindo do figurativo e mergulhando em um universo fotográfico descompromissado com a representação da realidade. Ray retoma a técnica criada por Henry Fox Talbot, no início da história da fotografia, rebatizando-a de Rayografia, técnica hoje conhecida por fotograma. A idéia é colocar objetos diretamente sobre o papel fotográfico, no laboratório, sem o uso do negativo, pesquisando composições abstratas em ricas gradações de cinzas, luzes e sombras.
Man Ray fez uso de uma outra técnica em laboratório chamada solarização, para conseguir o abstratismo em suas imagens, principalmente nos retratos. Esse processo também é conhecido como efeito Sabattier, em referência ao seu inventor, o francês Armand Sabattier (1834-1910) que o concebeu em 1862. A solarização consiste na inversão dos valores tonais de algumas áreas da imagem fotográfica, que pode ser obtido basicamente através da rápida exposição à luz da imagem durante seu processamento no laboratório.
Os Puristas
Em 1932, os fotógrafos americanos Edward Weston, Anselm Adams e Imogen Cunninghan, entre outros seguidores, formam o Grupo F.64. O nome da associação se refere ao número que identifica a menor abertura, ou diafragma, usada em lentes de câmeras para obter imagens com maior profundidade de campo, com isso, um máximo de clareza e definição, qualidades consideradas como essenciais para os integrantes do movimento.
Esse grupo ficou conhecido como os “Puristas” por fazerem imagens com qualidade técnica e direta (straight) sem o uso de manipulações nos negativos e cópias ou associações com outras formas de arte, como os Pictorialistas fizeram em relação à pintura.
Edward Weston
Para obter uma definição perfeita nas imagens, Weston usava câmeras de grande formato e as cópias eram obtidas por contato direto do negativo com o papel fotográfico.
Edward Weston sonhava encontrar a beleza em tudo, provando que a natureza e a cidade ofereciam um infinito número de composições.
As suas fotografias são de grande realismo sensual, perfeitamente impregnadas de serenidade, exemplo disso são as suas paisagens. Qualquer que seja o sujeito - legumes, paisagens, conchas ou nus - a objetiva de Weston captou a essência e a verdade das coisas e educando nossos olhos a apreciar a ordem na desordem, a poesia das coisas inexploradas, a poética do abandono.
Anselm Adams
Fotógrafo especializado em temas relacionados à natureza: paisagens, árvores, rochas, etc. Como o fotógrafo Weston, também usava câmeras de grande formato, mas a câmera é apenas uma parte do processo fotográfico que Adams detalhou na sua série de três livros: A Câmera, O Negativo, A Cópia. Nestes livros, Adams mostrou o seu rigor técnico na produção fotográfica.
Adams mostrou o seu lado documentarista em um ensaio fotográfico sobre um campo de concentração nos Estados Unidos em 1943. O campo foi criado pelo governo americano em resposta ao ataque a Pearl Harbor pelos japoneses durante a segunda guerra mundial, com isso houve uma grande perseguição aos joponeses e descendentes que residiam nos Estados Unidos. Cerca de 120.000 pessoas viveram nesse campo chamado Manzanar. Adams publicou um livro sobre esse fato histórico chamado “Born Free and Equal”.

Imogen Cunningham
Dedicada fotógrafa “purista” iniciou sua carreira, após estudos de fotografia na Alemanha, em 1910 e continuou fotografando até os 93 anos.
Seu estilo, de inicio com tendência pictorialista, foi se refinando com o passar do tempo, com um grande interesse por fotografia botânica, especialmente as flores. Realizou durante muito tempo, retratos de celebridades e fotografia industrial.
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